Publicada no Diario de Pernambuco, dia 09 de novembro de 2009.
Por Nina Wicks de Almeida
Evento no bairro do Recife propôs liberdade total aos escritores e leitores, com oficinas nada convencionais e shows
Revelado no fenônemo dos blogs, escritor Santiago Nazariam leu conto inédito e revelou que se dedica a um novo livro. Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Enquanto a quinta edição da FliPorto acontecia no balneário de Porto de Galinhas, as ruas esburacadas do Recife Antigo abrigaram, durante o fim de semana, o que se pode chamar de acontecimento genérico. Em sua primeira edição degustativa, a FreePorto quis celebrar a liberdade. Sem muita burocracia, e com bom humor, escritores e leitores deveriam, durante os três dias de festa, trocar idéias e vivenciar a literatura como bem quisessem, com direito a exaltações poéticas manifestadas a qualquer momento. O local escolhido foi o espaço Corpos Percussivos, no primeiro andar de um prédio da rua da Moeda. Intimista, a sala com sofá vermelho e cadeiras espalhadas contava com um bar no térreo, o que facilitava o clima de festa. “Festa é assim mesmo, informal, onde as pessoas discutem literatura como se estivessem nos bastidores”, celebrava Wellington de Melo, integrante do coletivo Urros Masculinos, idealizador do projeto. No lugar da galinha, o mascote era uma raposa, presente em quase todos os acontecimentos. No lugar de João Cabral de Melo Neto, as homenagens eram irecionadas ao poeta acreano J. G. de Araújo Jorge. Na noite de abertura, o primeiro sofá literário discutia a Receita de Bolo de Rolo: Como Fazer uma Festa Literária, com Marcelino Freire, Urros Masculinos e Cida Pedrosa, com mediação de Cristiano Ramos. E como fazer? Segundo Marcelino, “fazendo!” Para os participantes, entre uma cerveja e outra, é de undamental importância a existência dos movimentos conservadores para que se entenda um movimento anárquico como o que nascia ali. Revelado no fenônemo dos blogs, escritor Santiago Nazariam leu conto inédito e revelou que se dedica a um novo livro.
Enquanto eram servidas fatias de bolo-de-rolo para os presentes, o poeta Miró interrompia a cerimônia para declamar obras suas, incentivado pela organização e pelo público, enquanto Jomard Muniz de Britto jogava apitos para a plateia. “O melhor é que aqui não vemos só as caras repetidas de todo evento literário”, soltou o mediador. A noite seguiu com a inauguração da Pedra Fundamental da Nova Literatura Pernambucana, uma pedra de gelo colocada no meio da rua, para ser “eterna enquanto dure”, recitais de obras da sacada do espaço e da apresentação no meio da rua das bandas Semente de Vulcão e Johnny Hooker e Candeias Rock City. Como todo bom evento literário, a FreePorto também teve suas oficinas, como a Geração 51, onde o poeta Valmir Jordão ensinou como fazer uma caipirinha e Pedro Américo de Farias ensinando Estilos de Época na Amarração de Cadarço. Na tarde do sábado, o escritor Santiago Nazarian, revelado no fenômeno dos blogs, sentou com Cristhiano Aguiar para ler um conto inédito e responder perguntas. Ele agora se dedica a um livro de contos “porque é bom para o escritor renovar”, afirmava Nazarian, que já publicou cinco romances. Descendo as escadas do espaço, um tapete vermelho de cinco metros era o corredor para o lançamento de livros, neste caso, literalmente. Escritores como Lucila Nogueira, Marcelino Freire, Biagio e Sidney Rocha arremessavam seus livros o mais longe que conseguiam.
Link original: http://www.diariodepernambuco.com.br/2009/11/09/viver2_0.asp
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